Minha visão da Agenda Digital

Se tenho algo a dizer sobre a Agenda Digital Hacker do MINC? Tenho!

Foi uma experiência fantástica e como dizem por lá - fodástica.

Desde o FISL de 2004 - meu primeiro grande evento técnico - eu não me sentia tão empolgado em participar de um encontro que realmente fez o papel de conectar os seus participantes.

Foram palestras, oficinas, hacklabs, hackatons, dojos, desafios, papo sobre ética hacker, papo sobre código aberto e dados abertos, papo sobre governo, e muito, mas muito networking. Tudo acontecendo em meio a uma rica troca de experiências entre pessoas de várias partes do país e dos mais variados segmentos da sociedade.

O mais legal é que o palestrante não era exatamente o que entendemos como palestrante, todos que participaram deste encontro vieram com aquele conceito de apresentar algo, formal, técnico, mas depois de entrarem em sinergia com o grupo as apresentações se tornaram algo diferente, na verdade o palestrante se tornou o guia de um determinado assunto a ser apresentando, e de forma coletiva e colaborativa íamos todos discutido, assimilado e repensando a todo o momento aqueles conceitos.

Confesso que não me lembro de ter aprendido tanto em uma janela de tempo tão curta. Da mesma forma, nunca compartilhei tanto conhecimento e experiência como fiz naqueles dias. Guiei a turma por duas palestras, duas oficinas e fizemos juntos muitos testes em diversas tecnologias. Eu aprendi mais sobre testes de aceitação, testes unitários, containers lxc, docker, saltstack, kitchen ci, samba4, logs, elk stack, telegram, zabbix, servicos.gov.br, dados abertos, dentre muitos outros assuntos empolgantes e importantes.

A CGTI organizou algo para conectar experiências e pessoas, e deu tão certo que isso foi muito além dos resultados esperados pelos participantes e seus organizadores. Quando eu paro para pensar que o encontro foi organizado de forma tão simples, sem pretensão de ser um grande ou pomposo evento de TI, vejo que talvez seja esse o caminho para realmente produzir algo tangível, para realmente apresentar resultado real como produto de pessoas reunidas com objetivos em comum.

Eu moro em Brasília desde 2008, de lá para cá esse foi o primeiro encontro|evento que realmente me convenceu como proposta e que se provou e se sustentou com o resultado obtido. Eu já participei de várias iniciativas em comunidades, universidades e até mesmo dentro do governo, seja ministrando palestras, aplicando oficinas, participando de mesas e painéis, mas nunca vi o resultado de forma tão concreta como ocorreu aqui. A explicação é simples, na maioria dos eventos o discurso, as autoridades presentes, a ideologia e a propaganda política tem mais importância que o resultado que se busca. A agenda digital fez a engenharia reversa dessa lógica torta, ele não ficou só no discurso, a princípio penso que o discurso e a divulgação foi o que menos recebeu atenção, o foco foi no resultado, o foco foi em conectar pessoas, o foco foi resolver problemas comuns de governo. Isso aconteceu, os problemas foram apresentados, os problemas foram discutidos, foram estudados e foram aplicadas soluções viáveis do ponto de vista técnico e econômico. O resultado foi positivo, e seguindo a lógica da engenharia reversa, o discurso surge a partir deste resultado, a divulgação também, de algo concreto, de algo provado, o que na minha opinião é muito melhor do que o modelo convencional que quase sempre morre só no discurso.

Nos primeiros cafézinhos na CGTI vi a construção discreta de algo que em sua essência e desenho - formados inicialmente pelo Diego e Rogério - teve o simples objetivo de falar sobre tecnologias e soluções necessárias ao Minc e ao Governo. A meta principal era conectar quem fez algo com alguma tecnologia específica, com que precisava entender, planejar e implantar a mesma tecnologia em sua organização. Na concepção, se essa conexão fosse possível - e foi, isto encurtaria caminhos, evitaria percalços complexos e permitiria o reaproveitamento de experiências e até de código.

O encontro funcionou tão bem que já penso em replicar esse modelo para outras iniciativas em comunidades que participo.

Agradeço ao MINC pelo convite, pela oportunidade de compartilhar, pela oportunidade de aprender e por me tirar de minha zona de conforto, entrei na vanguarda com a turma, codamos, hackeamos, testamos, erramos, acertamos, pensamos e repensamos muito em pouco tempo, voltei 11 anos no tempo e me senti um garoto novamente, foi como se eu estivesse chegando ao meu primeiro - grande - encontro técnico, entrei uma pessoa e sai outra muito melhor em vários aspectos, principalmente como cidadão.

Que venham os próximos encontros, com muito hacking, networking e sharing.

Que o resultado chegue a quem precise e que ele faça a diferença para organizações governamentais e para a sociedade.

Contem comigo sempre, como cidadão, colaborador, apoiador, amigo e hacker!

Vida longa e próspera a todos!

[]s
Guto Carvalho